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Ranicultura
01 de Dezembro de 2017 Andre Muniz Afonso
Monitoramento da qualidade de água: Conceitos iniciais

Caros leitores, pode parecer surreal, mas existe um grande grupo de produtores que nunca avaliou a qualidade da água que abastece a sua propriedade. O mesmo pode ser extrapolado para a quantidade, também conhecida como vazão. A produção aquícola tem a sua base na água, ela é, sem sombra de dúvida, o elemento mais importante da aquicultura. As soluções e os problemas passam por ela, inclusive, a causa destes pode estar nela. Sendo assim, a pergunta é: “-Por que isso ocorre?” Falta amadurecimento no setor produtivo aquícola nacional. Quando vemos as notícias recentes da proibição da importação do pescado brasileiro por mercados tradicionais, nos deparamos com essa triste realidade. O país ainda não amadureceu para o que pode ser uma das suas grandes riquezas econômicas!

Para começar a falar da água de abastecimento, assim como faço com meus alunos, antes de entrar no detalhamento dos quesitos de qualidade da água, é importante falar sobre a quantidade disponível. Pelo que foi exposto no início, quando não se sabe a vazão, principalmente na época de secas, não se tem a real dimensão do quanto de água disponível existe para a execução do projeto aquícola. Ainda que existam modernos sistemas de recirculação e de reaproveitamento de água, e acredito que o caminho seja aprimorá-los e adotá-los mesmo, a noção da quantidade de água disponível para o sistema por dia é fundamental para iniciar qualquer aquicultura.

 

 

Outro fator de importância se refere à fonte da água de abastecimento, que pode limitar todo o planejamento inicial de uma ranicultura. Normalmente encontramos ranários que utilizam água proveniente de poço semiartesiano ou artesiano, de rios, de córregos, de represas e de nascentes na própria propriedade. Poucos são aqueles que se utilizam de água encanada tratada, principalmente por conter cloro, prejudicial a girinos e a reprodutores. Em todos os casos, ao se elaborar um projeto de ranicultura, deve-se atentar para o volume de água que será utilizado por dia, prevendo-se as futuras expansões e estimando-se um reservatório de pelo menos três vezes esse valor, de modo a evitar aqueles imprevistos que acontecem na sexta-feira à noite e que não poderão ser resolvidos no final de semana.

Uma vez estabelecido o volume, o segundo passo é a análise fisicoquímica e microbiológica da água, realizada em laboratórios da rede privada ou pública. Ainda que esses valores sejam compatíveis com uma boa qualidade de água, recomenda-se a instalação de filtros, que podem ser construídos pelo próprio produtor e irão servir como grandes aliados na manutenção da qualidade da água e como barreiras físicas à entrada de problemas externos ao ranário. A água, por ser veículo de patógenos, por exemplo, pode determinar o sucesso e o fracasso de um ranário muito bem estruturado.

Os filtros mais comuns podem ser do tipo mecânicos, químicos, biológicos, um misto de dois ou mais de dois desses fatores, ou ainda purificadores. Têm como propósito a separação e a eliminação de partículas físicas, químicas ou biológicas da água, tais como sólidos de argila em suspensão na água, ferro e ovos de parasitas, respectivamente. Ainda que existam argumentos para invalidá-los, são sempre bem-vindos, uma vez que seu custo-benefício se prova na eficiência produtiva dos modelos que o adotam, independentemente da escala utilizada.

O assunto da água ideal para a ranicultura se estende, portanto, esses comentários iniciais são apenas uma introdução ao assunto, que será desbastado em futuras colunas... até breve!

SAUDAÇÕES RANÍCOLAS!


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Andre Muniz Afonso

Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF/2000), com mestrado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Patologia e Reprodução Animal-UFF/2004) e doutorado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal-UFF/2016). Desde 2009 é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Setor Palotina (Palotina/PR), sendo responsável pelas disciplinas de Tecnologia do Pescado, Ranicultura e Análise Sensorial de Alimentos e Bebidas, bem como pelo Laboratório de Ranicultura (LabRan-UFPR). Tem experiência na produção, beneficiamento, industrialização e sanidade de organismos aquáticos, tendo atuado em diversos órgãos voltados a esta temática. Atua principalmente nos seguintes temas: Processamento e Inspeção Higienicossanitária de Produtos de Origem Animal, Vigilância Sanitária, Aquicultura, Sanidade Aquícola e Extensão Rural.

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