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Atualidades e Tendências da Aquicultura
01 de Setembro de 2017 Fábio Rosa Sussel
Negócios Aqua: Técnicas + Gerenciamento

Não faz sentido gastarmos energia pesquisando espécies e modelos de produção viáveis tecnicamente. Êxito em qualquer atividade do agronegócio é a somatória do que chamo “50% + 50%”, ou seja: 50% é dominar a nobre arte de produzir bem, produzir com eficiência e 50% é gerenciamento do negócio, empreendedorismo. Portanto, por mais viável tecnicamente, economicamente e mais sustentável que determinado modelo de produção ou espécie apresente-se ser na teoria, na prática estes resultados não aparecerão se o negócio não for bem conduzido.

Paralelamente ao apresentado acima existe uma outra questão muito importante: resiliência. Traduzindo: capacidade de “guentar o tranco”. Nenhum resultado positivo acontece dentro da nossa zona de conforto. A “mágica” acontece sempre que nos dispomos a trabalhar em situação desafiadora. Ou seja, se não tiver disposição para passar longos períodos fora de nossa zona de conforto, nenhum resultado expressivo acontecerá. Porém é necessário ter muito cuidado para não confundir: atuar fora da zona de conforto X carregar pedra. Diz o velho ditado que quem cedo madruga Deus ajuda, mas acordar cedo para ficar movendo pedras de um canto para outro... não vai dar certo. Tem que ter disposição para atuar fora de nossa zona de conforto, mas com objetividade onde realmente é importante nossa dedicação ao negócio.

Quando o assunto é políticas públicas relacionadas a agricultura familiar, assentamentos rurais, quilombolas, entre outros, não precisamos mais de extensionistas agrônomos, zootecnistas, veterinários, engenheiros de pesca e etc... Precisamos de sociólogos, administradores, educadores... Alternativas, seja relacionadas a modelos de produção ou espécies, com pacote tecnológico definido, onde a viabilidade técnica e financeira foi comprovada cientificamente, temos um monte! De lambari a pirarucu, passando por tilápia e camarão, seja em água doce ou salgada, em tanques escavados ou em recirculação de água, já dispomos de inúmeras tecnologias definidas. 

 

 

Portanto, o que criar e como criar, de norte a sul do Brasil, não é a questão. E sim, como gerenciar! Em tempos modernos o “nome do jogo” é: gestão, gerenciamento e planejamento. Via de regra, o que se observa no campo é foco nas técnicas de cultivo. Aí, após produzir um lindo produto, vende a preço de banana (com todo respeito a esta cultura que movimenta mais que a aquicultura no Brasil) ou a conta não fecha, pois, as estratégias de produção adotadas não justificam. Isto vale para grande e vale para pequeno. 

Ainda o que mais se escuta no campo é: GPD, CA e Ton./ha. Claro, são índices importantes e diretamente relacionados a eficiência do negócio. Mas muito pouco se fala em: R$/ha. O que é mais viável financeiramente por m2, lambari ou pirarucu? Preferem começar a produzir pirarucu a fazerem uma continha simples como esta!

Lógico que se não tiver produção negócio nenhum prospera. Então, pesquisas e melhorias relacionadas as técnicas de produção são importantes sim. Porém, ainda falta olharmos para um negócio rural e enxergarmos uma empresa urbana. A pecuária é um exemplo clássico! Foi-se o tempo (por sinal, há muito tempo) que simplesmente engordar um boi a pasto (sem qualquer manejo de pastagem) era lucrativo. A atividade continua sendo lucrativa, mas passou por várias transformações. Algumas no âmbito da eficiência produtiva, mas principalmente no que tange ao gerenciamento do negócio.

Com isto, a decisão para continuar ou não na pecuária é muito simples: o arrendamento para cana ou soja me paga X e a engorda de bois (com todos os riscos) me deixa Y. Ou seja, não é toneladas por hectare que define qual atividade tocar. E sim R$/ ha. Já se foi o tempo que o pecuarista se orgulhava em ter o boi mais pesado de toda a vizinhança. Eficiência produtiva + financeira, é o nome do jogo.

Mas no caso da aquicultura ainda é muito complicado este negócio de R$/ha, pois as receitas obtidas ainda oscilam muito! Pois é, tais oscilações não estão relacionadas aos índices de produtividade e sim a administração do negócio. É fato que existem algumas peculiaridades regionais, porém, são facilmente identificáveis.

O ano de 2017 ficará marcado pela transição da Aquicultura para a Aquicultura Empresarial ou Industrial (como preferirem). Não está sendo e nem será nenhuma espécie ou sistema de produção o responsável por esta transformação. E sim a gestão e o gerenciamento dos modelos e das espécies que já criamos. É necessário o entendimento que apenas produzir bem, não basta. Via de regra, 50% da possibilidade de êxito no negócio está relacionado a administração do mesmo.

 

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Fábio Rosa Sussel

Fábio Sussel é Zootecnista formado pela Universidade Estadual de Maringá, possui mestrado em nutrição de peixes pela UNESP de Botucatu e doutorado, também em nutrição de peixes, pela USP de Pirassununga. Pesquisador Científico em Aquicultura do Instituto de Pesca de São Paulo. Especialista em proteína aquática, com ênfase na produção comercial de lambari e produção de camarão marinho em água salinizada. Idealizador e primeiro apresentador do programa AquaNegócios da Fish TV. Apresentador do Canal #VaiAqua do Youtube.

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