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Aquicultura Ornamental
21 de Maio de 2020 Eduardo Sanches Gomes
Aquicultura ornamental - popularidade

Popularidade. Um interessante termo nos dias atuais. Em tempos de redes sociais, exposição pública e aparências, popularidade é um conceito diariamente questionado por todos. Esta coluna, entretanto, traz a palavra popularidade em uma proposta de questionamento. Se falamos de aquicultura ornamental, popularidade poderia ser associada a qual organismo aquático ? Alguém arrisca um palpite ?

Em uma atividade conhecida pela diversidade (de espécies, formas, tamanhos e cores), existe uma espécie que possa receber o título de “a mais popular” ? A espécie mais fácil de ser encontrada em qualquer loja de aquários, nas mais distantes localidades deste Brasil? Uma espécie que, certamente, já tenha frequentado os aquários de muitos dos aficcionados leitores da Aquaculture Brasil (e que prestigiam a coluna Aquicultura ornamental) ?

Pois atire a primeira pedra quem nunca teve um “peixe japonês” ou “kinguio”. Recentemente, conversando com criadores de peixes marinhos, ouvi de vários deles que começaram na aquicultura ornamental com um peixe japonês...

 

 

 

Esta espécie é identificada pelo nome científico de Carassius auratus (Linnaeus, 1758) e pertence à família Cyprinidae (a mesma da carpa). Aliás, a origem do peixe japonês não é o Japão, amigo leitor, e sim a China !!! Relatos diversos dizem que por volta do século IX esta espécie começou a ser criada na China e somente em 1571 foi levada ao Japão, onde cruzamentos seletivos deram origem a diversidade de cores e formatos que podemos observar hoje em nossos aquários.

Por ser uma espécie bem resistente, que aceita uma ampla faixa de conforto térmico, e diferentes fontes de alimento, além de apresentar uma significativa diversidade de cores e formatos (alguns bem exóticos !!!) acabou se tornando a mais popular em termos mundiais. Em países com tradição na aquicultura ornamental, como Cingapura, somente esta espécie pode representar mais de dez por cento do volume total de organismos aquáticos ornamentais comercializados.

Aproveitando que estamos falando do kinguio, não poderia deixar de falar um pouco da história da aquicultura no Brasil e dos entusiastas da década de 80. Nesta época surge, no Rio de Janeiro, a Mário Porto Piscicultura Ornamental. Inicialmente a empresa era destinada a produção de peixes e alevinos de espécies de corte, mas migrou para a aquicultura ornamental e hoje é referencia na produção de kinguios e carpas nishikigoi.

Conheci o Mário Porto a quase trinta anos atrás, em seminários de difusão da aquicultura promovidos pela FIPERJ (Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro). Naquela época seu presidente, Léo Nascimento, promovia a aquicultura e reunia técnicos em disputados seminários em diversas cidades do Rio de Janeiro.

Um destes técnicos era o Mario Porto. Uma daquelas extraordinárias pessoas que através do trabalho, escrevem seu nome na história da aquicultura brasileira. Profundo conhecedor de aquicultura, demonstra em sua propriedade, que fica em Cachoeira de Macacu, que teoria pode ser transformada em prática, com excelentes resultados.

Todo ano, com raríssimas exceções, encontro o Mário Porto na exposição nacional de Nishikigois em São Paulo. E todo ano, vejo, com orgulho, seus peixes serem premiados. Ano passado, por exemplo, uma de suas carpas nishikigoi ganhou o primeiro lugar geral da exposição. Este ano, entretanto, além de seus peixes fantásticos se destacarem, outra coisa me chamou a atenção. Na cerimônia de premiação, quem ia lá no palco receber a premiação, na frente das autoridades, dos juízes internacionais e do público presente, não era o Mário Porto. Eram seus funcionários!!!

Refletindo sobre o título da coluna e em tempos de popularidade e exposição na mídia, temos aqui um exemplo. Mário Porto não busca reconhecimento. Isto os que o conhecem sabem que nunca lhe faltou. Como um empreendedor e líder nato, sabe, melhor do que ninguém, a importância de dar oportunidades e reconhecer o trabalho dos colaboradores.

Fui a uma exposição ver o estado da arte da criação de nishikigois e rever amigos. Voltei com uma excelente lição de vida. Quem precisa de popularidade? Precisamos é de mais pessoas como o Mário Porto neste Brasil.

Acredito que um dos maiores objetivos desta coluna seja trazer ao amigo leitor um diferente olhar sobre a aquicultura ornamental. Convidar o leitor a uma reflexão. Trazer conhecimento sobre este ramo da aquicultura, que apesar do crescimento pujante e da relevância estratégica ainda vem sendo negligenciado pela academia e pelo setor formulador de políticas públicas. E porque não aproveitar, dada a grande penetração da nossa querida Aquaculture Brasil, a instigar os órgãos financiadores a “apostar” em projetos nesta área. Afinal, se tem um ramo da aquicultura extremamente inovador, podem ter certeza de que é na aquicultura ornamental.

Até a próxima coluna.

 

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