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Ranicultura
21 de Maio de 2020 Andre Muniz Afonso
A extensão rural aplicada à ranicultura na era digital

A era digital e a nova agricultura... As novas relações de trabalho e a produção animal... A nova relação entre técnico e produtor na era digital... estes são alguns dos títulos que poderiam refletir aquilo que paira em minha mente ao tentar expressar algo ue há algum tempo me aflige, por isso acho que o melhor título para aquilo que gostaria de expressar é: “A extensão rural aplicada à ranicultura na era digital”. Alguns podem estar pensando no porquê da extensão rural e não simplesmente assistência técnica. É que nesses 22 anos de experiência com a ranicultura, alguns deles como extensionista de campo, já vi aconselhamento técnico por telefone, por lista de discussão na internet ou via e-mail e agora, mais recentemente, por grupos de WhatsApp, a febre do momento. E qual o problema? - alguns também podem estar se perguntando – A resposta é: Não há problema, mas a relação técnico-produtor é mais do que isso, principalmente quando se trata de extensão rural.

O papel de um extensionista que se propõe a abraçar uma atividade ou causa vai além de dar suporte a ela diretamente, ele precisa entender o mercado, entender quais são os entraves daquela atividade no local onde ela é desempenhada, precisa vencer barreiras culturais, socioeducacionais e econômicas... são tantos desafios, que o objetivo final fica muito distante de um simples aconselhamento profissional. Cada vezmais os conselhos, as técnicas, os “segredos” ou “pulos do gato” estão disponíveis na palma da mão. Você não sabe algo, dá um “Google”, dizemos.

 

 

Por uma ironia do destino, vivemos numa época onde a extensão rural se encontra extremamente desvalorizada. O próprio Estado permite que ela seja a cada dia mais desmantelada. Quem sofre com isso? Alguns médios e todos os pequenos e microprodutores. Muitos produtores de médio e todos aqueles de grande porte possuem condições de arcar com despesas referentes à assistência técnica de qualidade. Muitos possuem um responsável técnico, hoje presente nos programas de governo voltados aos organismos aquáticos, como o Programa Aquicultura com Sanidade.

Para nós, professores de instituições de ensino superior, há um outro desafio: Como estimular o jovem egresso a entrar no mercado, oferecendo seus serviços profissionais, quando esse mercado não está disposto a pagar aquilo que lhe é merecido? Como convencer esse egresso de que ele precisar persistir, que não pode esmorecer logo de início, pois toda profissão exige certa paciência e vivência?

No caso dos recém-formados acredito tratar-se de situação menos complexa. Basta estimular o surgimento ou fortalecer os sistemas de associação ou cooperativa de produtores. Sim, esse é um caminho promissor! Os pequenos não podem arcar com o salário de um técnico, mas um grupo de produtores pode... é um investimento extremamente válido, mesmo que nos limitemos a pensar somente na relação custo-benefício. E a extensão? Ah sim, a extensão, ela também pode estimular tudo isso aí, pode transformar uma realidade local, pode fazer de um sonho algo palpável. O extensionista traduz os textos científicos, transformando-os em linguagem acessível ao produtor, pois eles falam a mesma língua. Leva conhecimento de ponta a quem nunca teria acesso, principalmente quando damos cada vez mais valor à publicação em línguas estrangeiras. Ele não precisa ser amigo do produtor, mas é parceiro, sente o que o outro sente, exerce a empatia... sentimento nobre e raro.

Este poderia ser um desabafo, mas vou chamá-lo de artigo, desejando que você, leitor, se sensibilize e entenda que nos diversos “Brasis” dentro desse país tão belo como o nosso, existem muitas pessoas carentes de informação, de um olhar atencioso, de alguém que os leve esperança! Precisamos nos unir e pedir pela extensão rural, ela também contribui para a fixação do homem no campo, evitando seu êxodo, impede que uma região seja favelizada, conecta os órgãos de defesa sanitária com os produtores mais simples, entre outros. A bagagem de um extensionista não está nos livros, esses sim, dificilmente conseguem expressar a linguagem do campo. Antes que eu termine, deixo uma imagem que me traz alegria (Figura 1), uma lembrança dos meus bons tempos de extensão, viva!

Saudações ranícolas!

 

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Andre Muniz Afonso

Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF/2000), com mestrado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Patologia e Reprodução Animal-UFF/2004) e doutorado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal-UFF/2016). Desde 2009 é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Setor Palotina (Palotina/PR), sendo responsável pelas disciplinas de Tecnologia do Pescado, Ranicultura e Análise Sensorial de Alimentos e Bebidas, bem como pelo Laboratório de Ranicultura (LabRan-UFPR). Tem experiência na produção, beneficiamento, industrialização e sanidade de organismos aquáticos, tendo atuado em diversos órgãos voltados a esta temática. Atua principalmente nos seguintes temas: Processamento e Inspeção Higienicossanitária de Produtos de Origem Animal, Vigilância Sanitária, Aquicultura, Sanidade Aquícola e Extensão Rural.

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