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Genética
03 de Maio de 2020 Rodolfo Luís Petersen
Resposta à Seleção

Já temos definido na coluna da edição 17 o conceito de herdabilidade. Populações com alta herdabilidade são aquelas que apresentam variância genética aditiva, ou seja, aquela variância genética devido a ação individual dos alelos dos genes que estão atuando sobre a caraterística de interesse. Altas herdabilidades permitem aplicar métodos de SELEÇÃO. Seleção significa eleger indivíduos ou famílias em função de seu valor genético que serão utilizados como progenitores. A seleção produz mudanças na estrutura genética da população, incrementando a frequência dos alelos intervenientes.

Para que um programa de melhoramento genético apresente uma RESPOSTA positiva, o SEGREDO está na estimativa do Valor Genético (VG) do animal. O VG representa quanto superior o indivíduo ou família é com relação à média da população. Calcular valores genéticos com erros significativos têm como consequência que a variável fenotípica não representará geneticamente o indivíduo selecionado. Valores genéticos mal calculados nos levam invariavelmente a um reduzido ou nulo ganho genético por geração. Uma das principais razões do erro no cálculo do VG é cultivar diferentes famílias ou indivíduos com diferenças ambientais (qualidade da água, alimentação etc.), não necessariamente proposital, e sim por erros de manejo zootécnico dentro do programa. Isto nos leva a comparar GATO com LEBRE. O princípio básico de um programa de melhoramento é submeter a todos os indivíduos da população ao ambiente mais homogêneo possível, para minimizar a variância ambiental e ressaltar a variância genética na variância fenotípica.

 

 

Préviamente ao processo de seleção precisamos definir a proporção de animais ou famílias da população que vamos selecionar. Se estamos desenvolvendo um programa de 60 famílias de tilápia, precisamos definir quantas famílias vamos selecionar, ou quantos indivíduos de cada família dependendo do método de seleção aplicado (ver coluna na edição n° 17 mar/abr). Supondo que trabalharemos com o método de seleção familiar, e selecionaremos 25 % da população, nosso grupo selecionado estará composto pelas melhores 15 famílias. 

A resposta a seleção é um parâmetro genético que se calcula para cada geração de seleção e depende da herdabilidade (H2) da população e do DIFERENCIAL DE SELEÇÃO (DS).

 

O que é o diferencial de seleção?

O diferencial de seleção se define como a diferença entre a média do GRUPO SELECIONADO e a MÉDIA DA POPULAÇÃO que sofreu seleção. R = H2 x DS

O diferencial de seleção depende da proporção selecionada e da variabilidade (desvio padrão) da caraterística.

Vamos enumerar uma série de questões relacionadas com esta fórmula:

1) Maiores herdabilidades, maior variância genética aditiva, maiores respostas. Aqui está a importância do cálculo preciso da herdabilidade.

2) Maiores diferenças de seleção maiores respostas. O DS depende da proporção selecionada e do desvio padrão da população. Populações com maior variabilidade genética e fenotípica apresentaram maiores variações, podendo apresentar maiores diferenciais de seleção e, como consequência, maiores respostas à seleção. Para selecionar algo precisamos observar diferenças. Se todos os indivíduos da população apresentarem o mesmo peso após um determinado tempo de cultivo, o que vamos selecionar?

3) A resposta, no caso da variável peso, a unidade será em gramas, e nos diz quantas gramas a mais esperamos no peso médio da próxima geração após a seleção.

4) A proporção selecionada (o seja, a percentagem da população a selecionar) é definida pelo melhorista e é a base da estratégia e desenho do programa de melhoramento genético.

5) Para cada geração de seleção teremos que calcular a herdabilidade e definir a proporção selecionada.

6) A resposta à seleção é acumulativa de geração em geração.

Finalizando: EXISTEM DUAS FORMAS DE OBTER MAIORES RESPOSTAS À SELEÇÃO:

a) Obtendo maiores herdabilidades através da padronização e manejo do ambiente de cultivo.
b) Aplicando intensa seleção reduzindo a população selecionada.

 

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Rodolfo Luís Petersen

Zoólogo, Mestre em Aquicultura pela Universidade Federal de Santa Catarina e Doutor em Genética e Evolução pela Universidade Federal de São Carlos (SP). Pesquisador e Gerente do Setor de Maturação do Laboratório de Camarões Marinhos (UFSC) desde 1990 até o ano 2001. Em 2003 trabalhou no Departamento de Genética da AQUATEC e desde janeiro de 2004 até dezembro de 2006 foi Gerente de Produção e Diretor Técnico do Laboratório Estaleirinho (Balneário Camboriú/SC). Como professor da UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina), trabalhou em genética de peixes em parceria com a Piscicultura Panamá (Paulo Lopes/SC), entre 2006 e 2009. Atualmente trabalha como professor e pesquisador no curso de Engenharia de Aquicultura de Centro do Estudo do Mar (CEM/UFPR) e coordena o GECEMar (Laboratório de Biologia Molecular e Melhoramento de Organismos Aquáticos) da Instituição.

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