A girodactilíase é uma doença parasitária ocasionada por vermes monogenéticos microscópicos pertencentes ao gênero Gyrodactylus. No Brasil, a ocorrência de Gyrodactylus cichlidarum tem sido observada entre as principais causas de problemas sanitários durante a larvicultura e alevinagem da tilápia do Nilo, infestando também peixes maiores, no entanto, as principais lesões causadas nos animais são observadas na fase inicial de criação. Este agente é um ectoparasito, responsável por causar infestação a pele dos animais, especialmente nadadeiras e corpo, sendo ocasionalmente observados nas brânquias. Além disso, possui ciclo de vida direto (não necessita de hospedeiros intermediários), sendo vivíparos, conseguindo se reproduzir sobre os próprios animais infestados.
As lesões ocasionadas nos peixes são devido à dilaceração do tegumento devido ao mecanismo de fixação utilizado pelo parasito, o qual utiliza ganchos e ancoras para penetrar a pele do animal e causar as injúrias sobre os peixes. A partir destas lesões, também se favorece a infecção oportunista por bactérias que naturalmente habitam a pele dos animais, na qual, o bastonete Gram-negativo Flavobacterium columnare frequentemente pode ser diagnosticado em situações de casos severos de girodactilíase tegumentar.
Entre as estratégias para controle e profilaxia desta enfermidade nas fazendas berçário, a limpeza e desinfecção de ovos deve ser a primeira estratégia utilizada, uma vez que estes parasitos são transmitidos para a prole, principalmente, durante o processo de incubação de ovos na boca das matrizes. Este procedimento deve ser realizado a partir da limpeza dos ovos fecundados em solução salina (2,5%), com posterior reidratação em água e seguinte desinfecção com uso de cloramina-T, ajustando a dose e o tempo de exposição de acordo com o pH da água. Para casos de girodactilíase em larvas ou alevinos, o uso da cloramina-T pode ser comprometido caso os peixes sejam criados em viveiros escavados, ou em ambiente que tenha presença de matéria orgânica em suspensão, uma vez que ocorre perda de sua efetividade. Nestes casos, o uso do organofosforado Triclorfon (Metrifonato) é a terapia de eleição, sendo efetiva contra vermes monogenéticos.
Para rotina de incubação de ovos de tilápia nas fazendas-berçário, o uso da prática de desinfecção de ovos deve ser adotado como protocolo padrão. Esta estratégia é a forma de profilaxia mais efetiva contra doenças que possam ser veiculadas pelas matrizes durante o processo de incubação natural de ovos, que incluem também protozoozes como a tricodiníase e quilodonelose, além de eliminar bactérias contaminantes que diminuem a taxa de eclosão dos ovos embrionados durante o processo de incubação artificial. Já o uso de medicamentos antiparasitários, como o organofosforado Triclorfon, deve ser realizado somente a partir da confirmação de casos da doença detectada no plantel. É importante ressaltar que este fármaco possui ação limitada contra protozoários parasitos (p. ex. Trichodina e Chilodonella sp.), além de não ter efeito algum sobre bactérias contaminantes.
Possui graduação em Medicina Veterinária (2010) e mestrado em Aquicultura (2013) pelo Centro de Aquicultura da Unesp de Jaboticabal – CAUNESP. Desenvolveu atividades em pesquisa no Laboratório de Piscicultura da Embrapa Agropecuária Oeste-MS (2007 – 2011) e no Laboratório de Patologia de Organismos Aquáticos (LAPOA) do CAUNESP (2011 – 2013), sendo parceiro do Laboratório AQUOS – Sanidade de Organismos Aquáticos, UFSC (desde 2011). Possui dezenas de artigos científicos publicados, atuando como revisor em periódicos especializados internacionais e nacional, além possuir capítulos de livros e um livro publicado. Tem atuado principalmente em Aquicultura, com ênfase nos seguintes temas: diagnóstico, parasitos de peixes, doenças bacterianas, viroses emergentes, histopatologia, manejo sanitário em pisciculturas, controle e erradicação de doenças em fazendas-berçário produtoras de alevinos.
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