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Ranicultura
01 de Julho de 2017 Andre Muniz Afonso
Inovações Tecnológicas na Cadeia Ranícola – Parte II

Inovações em Instalações e Manejo na Larvicultura

Dando continuidade ao tema “Inovações Tecnológicas na Cadeia Ranícola”, apresentamos aquelas que trouxeram algum benefício ao processo produtivo das larvas da rã, vulgarmente conhecidas como girinos. A vida desses animais se inicia logo após o processo reprodutivo, quando os ovos são transferidos para o Setor de Girinagem, mais especificamente para a área de embrionagem.

Existem algumas variações na embrionagem, alguns produtores transferem a desova coletada na reprodução para as incubadoras, estruturas caracterizadas por uma armação de madeira ou de PVC, em formato circular ou retangular, com uma tela no interior (Figura 1a). Seu objetivo principal é o de manter a desova o mais próximo da superfície possível, onde os níveis de oxigênio dissolvido são os maiores. Há também aqueles que mantém as desovas em bandejas plásticas (Figura 1b), onde podem fazer uma estimativa da quantidade de ovos produzidos, bem como das taxas de fecundação e de eclosão.

 

Após a absorção do vitelo os girinos iniciam sua busca por alimento exógeno e é aí que entram na fase de crescimento e desenvolvimento. As inovações para essa fase estão ligadas ao tipo de tanque e a alimentação diversificada, cada vez mais empregada. Os tanques de criação usados possuem algumas variações e, hoje, se combina um período inicial de manejo em tanques artificiais (cimentados, de fibra, lona plástica), por 15 a 20 dias, onde o animal começa a ser acostumado a ingerir a ração em pó, à posterior transferência para tanques de terra, que possuem maior diversidade alimentar, representada pela presença de maior quantidade e variedade de plâncton, perifiton e musgo, combinadas com a introdução de legumes e frutas, como a abóbora, pois recentemente se descobriu que digerem e aproveitam melhor os carboidratos do que proteínas e lipídeos na alimentação.

Com o passar do tempo as pernas começam a aparecer e a cauda inicia seu processo de desintegração, servindo de alimento final (proteico) para os animais. Chamamos esse período de metamorfose final e existem duas variantes para a coleta dos girinos nos tanques: a primeira é denominada de “seleção natural”, que se configura como um pequeno tanque contíguo ao tanque maior (Figura 2a), onde, por meio de uma rampa, os animais se auto selecionam e se separam dos demais; e a segunda é a caixa coletora (Figura 2b), representada por uma caixa flutuante que confere apoio e ambiente menos luminoso, normalmente procurados pelos girinos em clímax metamórfico.

 

 

Quando comparamos a fase larval com as demais da rã-touro, fica nítido que, suas “inovações” são relativamente mais simples que aquelas encontradas para as demais fases e isso se deve ao fato de que essa fase foi a menos pesquisada de todas.

Certamente ainda há uma longa estrada para que se chegue ao ideal em termos de criação de girinos. O pacote tecnológico atual é bom, mas precisa ser muito aprimorado, pois a chave para a viabilidade econômica tem nesse momento da vida do animal um ponto estratégico. Se existem girinos em bom número e de boa qualidade, a engorda será muito facilitada. O contrário também é verdadeiro e, pelas nossas andanças em diversos ranários aqui e fora do país, infelizmente ainda encontramos esse quadro desfavorável.

Termino, portanto, com uma mensagem provocativa: Você, técnico, produtor ou pesquisador, já desenvolveu alguma melhoria específica para a girinagem? No caso da resposta ser negativa lhe faço outra pergunta: Está esperando o quê?

Saudações ranícolas!

 

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Andre Muniz Afonso

Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF/2000), com mestrado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Patologia e Reprodução Animal-UFF/2004) e doutorado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal-UFF/2016). Desde 2009 é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Setor Palotina (Palotina/PR), sendo responsável pelas disciplinas de Tecnologia do Pescado, Ranicultura e Análise Sensorial de Alimentos e Bebidas, bem como pelo Laboratório de Ranicultura (LabRan-UFPR). Tem experiência na produção, beneficiamento, industrialização e sanidade de organismos aquáticos, tendo atuado em diversos órgãos voltados a esta temática. Atua principalmente nos seguintes temas: Processamento e Inspeção Higienicossanitária de Produtos de Origem Animal, Vigilância Sanitária, Aquicultura, Sanidade Aquícola e Extensão Rural.

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