A principal forma de disseminação e dispersão de doenças entre diferentes pisciculturas é a partir da introdução de animais portadores de patógenos diversos. A ocorrência de perdas relacionadas à mortalidade, ou diminuição do desempenho produtivo decorrentes de infecções crônicas estabelecidas desde as fases iniciais de criação, certamente dependerá dos fatores de riscos e desafios durante o ciclo de crescimento e engorda. Contudo, a estocagem de animais livres de doenças torna-se um pré-requisito muito importante para obtermos um ciclo de resultados produtivos, rentáveis e com mínimo impacto sobre o ambiente a partir de intervenções medicamentosas. No entanto, a seleção de fornecedores de formas jovens muitas vezes é realizada sem a utilização de critérios técnicos. Para tanto, torna-se necessário uma avaliação entre diferentes modelos utilizados na produção de alevinos para estabelecer uma relação de confiança focada em seguridade entre fornecedor e comprador, com ganho real para o setor. Entre os pontos que devemos avaliar, listo os seguintes:
Entre os fornecedores de formas jovens, especialmente no caso da tilapicultura, podem utilizar a coleta de nuvens de larvas nos viveiros das matrizes (que por sua vez ficam soltas), ou então realizar a coleta de ovos na boca das matrizes (geralmente mantidas em hapas). Mas existe diferença sobre a sanidade dos alevinos de acordo com o modelo utilizado? Sim, e grande. As matrizes e reprodutores tornam-se as principais fontes de contaminação para a prole, portanto, quanto maior o tempo de contato entre estes, maior será a exposição à patógenos de importância para a piscicultura. Optar por fornecedores que realizam coleta e incubação de ovos é um ponto importante que proporciona maior controle sanitário desde a etapa de larvicultura, bem como reflete sobre a taxa de masculinização, uma vez que se sabe o dia de eclosão, e a oferta da dieta com hormônio é realizada no período certo, o que já não pode ser garantido para quem realiza coleta de nuvens, mesmo utilizando a classificação de larvas.
Sabendo que matrizes e reprodutores são capazes de transmitir patógenos para a prole, torna-se fundamental a utilização de uma barreira sanitária nesta etapa, com o objetivo de impedir a circulação de doenças para a próxima fase de criação, que é a larvicultura. Como o ovo possui uma membrana externa de proteção, denominado de córion, que tolera uma série de produtos desinfetantes (ex.: Cloramina-T) e permite a eliminação da contaminação superficial decorrente do contato direto com matrizes e reprodutores. Portanto, o uso de técnicas de desinfecção de ovos permite um controle sanitário superior quando comparado com àqueles que não a realizam, impactando desde a taxa de eclosão dos ovos, bem como na sobrevivência durante a etapa de masculinização, com a eliminação de parasitos tais como vermes monogenéticos, Trichodina, entre outros.
O termo All in/all out se refere ao vazio sanitário que deve ser realizado entre cada etapa de criação, inclusive no sistema de incubação de ovos, larvicultura, masculinização, bem como durante as fases de crescimento e engorda quando realizadas em viveiros escavados. Aliado ao vazio sanitário, torna-se fundamental realizar a limpeza e desinfecção das estruturas utilizadas, de forma a garantir a inocuidade do ambiente de criação para o próximo lote de ovos ou larvas que forem estocados. Caso seja implementado o vazio sanitário sem a realização dos procedimentos de limpeza e desinfecção das estruturas, sua funcionalidade deixa de existir. Para as etapas de crescimento e engorda realizadas nos tanques-rede instalados em reservatórios, esta prática atualmente não se aplica; sendo então utilizada a setorização das diferentes fases de criação.
Outros fatores são importantes na seleção de fornecedores de alevinos, no entanto, os critérios aqui apresentados são princípios básicos, que trazem ganhos para toda a cadeia de criação. Em adição, o uso destas técnicas contribui fortemente na minimização da dispersão de doenças entre diferentes fazendas de criação.
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Possui graduação em Medicina Veterinária (2010) e mestrado em Aquicultura (2013) pelo Centro de Aquicultura da Unesp de Jaboticabal – CAUNESP. Desenvolveu atividades em pesquisa no Laboratório de Piscicultura da Embrapa Agropecuária Oeste-MS (2007 – 2011) e no Laboratório de Patologia de Organismos Aquáticos (LAPOA) do CAUNESP (2011 – 2013), sendo parceiro do Laboratório AQUOS – Sanidade de Organismos Aquáticos, UFSC (desde 2011). Possui dezenas de artigos científicos publicados, atuando como revisor em periódicos especializados internacionais e nacional, além possuir capítulos de livros e um livro publicado. Tem atuado principalmente em Aquicultura, com ênfase nos seguintes temas: diagnóstico, parasitos de peixes, doenças bacterianas, viroses emergentes, histopatologia, manejo sanitário em pisciculturas, controle e erradicação de doenças em fazendas-berçário produtoras de alevinos.
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