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01 de Março de 2017 Aquaculture Brasil
Produção comercial de crocodilianos e quelônios também é aquicultura

Produção comercial de crocodilianos e quelônios também é aquicultura!

A aquicultura é uma atividade extensa e congrega vários organismos aquáticos, então porque não olhar a criação de crocodilianos e quelônios como uma atividade aquícola? Talvez por sua liberação estar ligada à órgãos governamentais como o IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. Entretanto, o interesse do mercado pela carne, pele, produtos manufaturados e “pets” vem de longa data. Desta maneira, é importante pensar na criação comercial destes animais como uma atividade aquícola capaz de desenvolver e consolidar a cadeia de produção que a envolve.

Os répteis ocupam lugar de destaque na indústria de couro e nos pet shops em vários países do mundo. No final da década de 80 foi estimado que entre 25.000 e 30.000 unidades de peles, compostas de 66% de acaré-do-pantanal (Caiman crocodilus yacare) e 34% de jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), foram contrabandeadas da Argentina (Micucci e Waller, 1995).

No Brasil, os primeiros criadouros de jacaré surgiram no final da década de 70, com objetivo de produção de pele. A carne ainda era considerada um dos subprodutos da criação. Atualmente a Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal (COOCRIJAPAN) utiliza nove cortes funcionais de jacaré sendo eles: filé da cauda, filé de lombo, filé de dorso, filé mignon, aparas, ponta da cauda, coxa, isca, sobrecoxa (Fernandes, 2011), que chegam a custar no Mercado Municipal de Curitiba R$ 75,00 o quilo (Vianna, observação pessoal).

 

 

Segundo Romanelli (1995) estudos realizados com aplicação de análise sensorial, destacaram a aceitação da carne de jacaré com os adjetivos de maciez, sabor suave, paladar agradável e muito gostosa. Ainda, associadas a estas características, esta carne tem boa aparência visual e cor que varia do branco ao levemente rosa, tornando-a atraente aos consumidores.

Além dos crocodilianos, os quelônios também fazem parte do comércio ilegal. Muitos são abatidos e seu casco comercializado como objeto de decoração, a gordura como remédio, a carne e os ovos para o consumo humano e os filhotes contrabandeados para pet shops internacionais. Um exemplo comum é o alto comércio clandestino do tracajá (Podocnemis unifilis) na Amazônia Central (Pritchard e Trebbau, 1984; Bager, 1999). Existem registros de que no século XVIII a exportação da manteiga de tartaruga atingiu no Amazonas 8.168 kg, sendo que para conseguir 1 kg dessa manteiga são necessários 275 ovos (Narchi, 1978). Segundo Soini (1977) apud Pritchard e Trebbau (1984), em Iquitos, no Peru, ovos e carne de tracajá são consumidos principalmente na época de desova, sendo provenientes da coleta de ovos e abate indiscriminado de matrizes.

Andrade (2007) verificou que o Amazonas é o estado com maior número de criatórios comerciais de quelônios do Brasil com demanda crescente, passando de 11 criatórios registrados no IBAMA em 1997 para 33 em 2000, ao final de 2003 chegou a ter 69 com cerca de 400.000 animais em cativeiro. Em 2011 eram 89 criadores,
com 250 mil animais em cativeiro e uma produção de três toneladas mensais de quelônios legalizados no mercado de Manaus (Andrade, 2011).

Com base no exposto observa-se que as ordens Crocodilia e Chelonia despertam interesses econômicos de formas variadas (pet, carne e pele) e que este deve ser amplamente discutidos com a comunidade científica, população, criadores, profissionais ligados à área, indústrias, órgãos ambientais tanto governamentais, como não governamentais, para que se possam desenvolver ações que visem planejamento da cadeia produtiva, apoio financeiro como linhas de crédito, além da conservação das espécies em questão.

 

Autora: Verônica Oliveira Vianna
Chefe Adjunta do Departamento de Zootecnia
Coordenadora do Laboratório de Fauna Silvestres e Aquicultura
Universidade Estadual de Ponta Grossa
jrvero@uol.com.br

 

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