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Piscicultura
01 de Janeiro de 2017 Aquaculture Brasil
Desenvolvimento de Tecnologia para a Produção de Peixes Ornamentais Marinhos no Lapom/UFSC

Introdução

Os peixes estão entre os mais populares animais de estimação do mundo, e a indústria do aquarismo representa um importante setor do mercado nacional e internacional de peixes. Na década passada, os peixes ornamentais marinhos perfaziam aproximadamente 20% do total de peixes ornamentais comercializados em todo o mundo, movimentando um total de três bilhões de dólares anuais, através de um comércio internacional, bem-estruturado, multimilionário e de grande importância para os países em desenvolvimento (Andrews, 1990).

Em 2013, a exportação desses animais rendeu US$ 10,5 milhões para os criadores brasileiros e o valor unitário médio para vendas cresceu 744% entre 2007 e 2012

de acordo com dados do extinto Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Diferente dos peixes ornamentais de água doce, onde mais de 90% dos peixes são provenientes de cultivo, a grande maioria dos peixes ornamentais marinhos são capturados diretamente da natureza, estimando-se que apenas 25 das 800 espécies comercializadas no mundo sejam comercialmente produzidas (FAO, 2005).

No início da década de 2000, o Brasil era apontado como um grande abastecedor do mercado mundial de peixes ornamentais marinhos (Bruckner, 2005). Entretanto, assim como em outros países exportadores, a grande maioria das espécies comercializadas era proveniente de coletas na natureza, o que vinha acarretando preocupações acerca do desenvolvimento sustentável dessa atividade no país (Gasparini et al., 2005).

Uma das ferramentas para auxiliar na diminuição do extrativismo, bem como no conhecimento de aspectos bioecológicos de peixes ornamentais marinhos, é o desenvolvimento de tecnologia para a produção destes animais em cativeiro, sendo esta uma solução sustentável em longo prazo para o mercado. Segundo dados do comércio exterior (AliceWeb, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), o Brasil exporta cerca de 5 milhões de dólares em peixes ornamentais, sendo a grande maioria representada por espécies de águas continentais (Sampaio e Notthingham, 2008). As espécies marinhas, embora constituam uma parcela menor do volume comercializado, representam um grande incremento de receita, pois o valor unitário dos espécimes é geralmente maior (Albuquerque-Filho, 2003; Chaoet al., 2003; Sampaio e Rosa, 2003).

Neste contexto, a produção em cativeiro de peixes ornamentais marinhos, em especial os ameaçados, além de coibir a pesca ilegal e o contrabando das espécies, à medida que estaria disponibilizando no mercado peixes legalizados, pode ser uma alternativa para o setor aquícola nacional.

Entretanto, para a piscicultura marinha ornamental crescer e atingir sucesso comercial faz-se necessário o desenvolvimento de técnicas que garantam o desenvolvimento de um pacote tecnológico para a produção das espécies (Holt, 2003). Em diversos países, é frequente que instituições de pesquisa tomem a frente no desenvolvimento de tecnologia e fomento da atividade produtiva. No Brasil, a tecnologia produtiva para peixes ornamentais marinhos é relativamente recente e a Universidade Federal de Santa Catarina, através do Laboratório de Peixes e Ornamentais Marinhos (LAPOM), vem desenvolvendo pesquisas com a reprodução e a larvicultura ornamentais marinhos desde 2008.

 

 

Estrutura do LAPOM

Localizado na Estação de Maricultura da Barra da Lagoa, O LAPOM, conta estruturalmente com um galpão de 240m2contendo quatro salas. A primeira sala acomoda as baterias de aquários em recirculação de água para o cultivo de peixes e ornamentais marinhos, e as estruturas para a produção de alimento vivo. A segunda sala é destina ao setor de larvicultura e a produção de experimentos. A terceira sala conta com 4 tanques retangulares de 8.000 litros cada, onde são mantidos reprodutores e juvenis em sistema de circulação fechada de água. A quarta sala aloja unidades experimentais. Recentemente um projeto apoiado pelo extinto MPA possibilitou a modernização das instalações do LAPOM. A adequação da estrutura física e a implantação de um sistema de tratamento e recirculação de água melhoraram as condições para dar continuidade às ações de pesquisa e extensão.

Sob a coordenação da professora Dra. Mônica Yumi Tsuzuki, o LAPOM foi o pioneiro no desenvolvimento de estudos com o ameaçado de extinção neon gobi (Elacatinus figaro) (Tsuzuki et al., 2008, Meirelles et al., 2009; Côrtes e Tsuzuki, 2012). Outras espécies nativas consideradas vulneráveis ou de interesse para a aquariofilia como o grama brasileiro (Gramma brasiliensis), paru (Pomacanthus paru), o peixe anjo anão (Centropyge aurantonotus) e o cavalo marinho (Hippocampus reidi), além do peixe palhaço (Amphiprion sp.), peixe exótico de importante valor comercial, vem sendo estudadas. Além disto, a equipe do laboratório realiza pesquisas sobre diferentes tipos de alimento vivo (copépodes, protozoários ciliados), como alternativa para a primeira alimentação de diversas espécies de peixes marinhos.

Além da produção científica gerada através das pesquisas realizadas, o LAPOM vem capacitando ao longo dos anos diversos alunos de graduação e pós-graduação da UFSC e de outras instituições, bem como profissionais e aquariofilistas na área de cultivo de peixes marinhos ornamentais.

A capacitação de pessoal nesta área é importante e auxilia a suprir uma crescente demanda por profissionais qualificados neste setor, além disso, a disseminação do conhecimento sobre o cultivo de ornamentais marinhos pode promover mecanismos de preservação mais realistas que a simples restrição a pesca. Desta forma, a piscicultura ornamental marinha pode contribuir no âmbito socioambiental, reduzindo o extrativismo de espécies nativas, além de ser também uma interessante alternativa de renda para pequenos e médios produtores.

Além da professora Dra. Mônica Yumi Tsuzuki, supervisora do LAPOM, a equipe é composta pela servidora técnica Dra. Renata Avila Ozório, além de alunos de graduação e pós-graduação da UFSC. Na página do laboratório na internet lapom.ufsc.br estão disponíveis os resumos dos trabalhos e dos projetos de pesquisa e extensão, a lista com as publicações importantes, assim como o contato da equipe técnica.

 

Autores: Renata Avila Ozório*; Mônica Yumi Tsuzuki; Ana Paula Lira de Souza e Douglas da Cruz Mattos

Laboratório de Peixes e Ornamentais Marinhos (LAPOM)
Departamento de Aquicultura
Centro de Ciências Agrárias
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
*renata.ozorio@ufsc.br

 

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