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14 de Junho de 2022 Aquaculture Brasil
Desempenho de alevinos e juvenis de tilápias vermelhas pós-reversão criadas em água clara e alimentadas com rações micro extrusadas

A extrusão é um processamento amplamente aplicado para elaboração de dietas para tilápias, sendo importante para otimizar o manejo alimentar, consumo, conversão alimentar e crescimento dos peixes. A extrusão aumenta a estabilidade dos nutrientes nos pellets, contribuindo para uma aquicultura mais sustentável, pelo menor impacto ambiental com os níveis de matéria orgânica, nitrogênio e fósforo na água. Além disso, reduz a seletividade de ingredientes pelos peixes, ocorrência comum com o uso de ração farelada, amplamente utilizada para tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus), na fase inicial de criação.

As rações destinadas para tilápias nas fases iniciais de criação possuem alta densidade energética e de nutrientes, sendo elaboradas com alimentos de alta digestibilidade. Portanto, possuem elevado custo e maior potencial poluente em relação à rações para tilápias nas fases de crescimento e terminação. Assim, é importante adequada taxa de alimentação para otimizar a conversão alimentar e o retorno econômico. No entanto, o consumo pode ser influenciado por fatores relacionados com a variedade e fase de criação de tilápias. Ainda são poucas as informações sobre a nutrição de tilápias da variedade vermelha da Flórida criada no Brasil. Assim, as informações sobre o crescimento, consumo e conversão alimentar são importantes para o planejamento de uma piscicultura.

Ração micro extrusada permite o melhor aproveitamento dos nutrientes. Consequentemente, melhor crescimento e conversão alimentar dos peixes, possibilitando maior retorno econômico com a atividade. Além disso, um dos principais benefícios é a menor poluição do ambiente de criação e efluentes. Certamente, a ração extrusada permite melhor aproveitamento da ração ofertada aos peixes em comparação com rações fareladas. No entanto, ainda são poucos os estudos sobre a utilização de rações micro extrusadas para tilápias nas fases iniciais de criação.

 

 

Material e Métodos

Os procedimentos experimentais foram aprovados para execução pelo Comitê de Conduta Ética para Uso de Animais em Experimentação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Protocolo N° 207389/2020). Dois experimentos foram conduzidos para avaliar o desempenho de tilápias vermelhas da Flórida de 31 a 52 dias de idade (Experimento 1; n = 720; 0,56 ± 0,004 g) e 53 a 74 dias de idade de idade (Experimento 2; n = 252; 10,08 ± 0,43g). Nos experimentos 1 e 2, foram utilizadas rações micro extrusadas com diâmetro geométrico médio de 1,0 mm (Supra Pré-Juvenil 1mm HS®; 480 g/kg proteína bruta) e 1,7 mm (Supra Juvenil® 1.7 mm; 480 g/kg proteína bruta), respectivamente (Figura 1).

Figura 1. Rações micro extrusadas utilizadas para tilápias vermelhas da Flórida de 31 a 52 dias de idade (A; Experimento 1) e 53 a 75 dias de idade (B: Experimento 2). © Furuya et al

Os peixes foram obtidos da S3 Piscicultura (Registro, SP, Brasil) e distribuídos em 12 aquários de polietileno (60 L cada) em sistema de recirculação de água (RAS), com taxa de renovação total da água dos aquários de 24 vezes/dia. O sistema de recirculação era composto por biofiltro com mídias, filtro UV e aquecimento por meio de aquecedor central ligado a um termostato para temperatura constante de 28 ± 0,5°C.

Em cada aquário, a oxigenação foi mantida por meio de pedra porosa com mangueiras acopladas a um soprador central de 0,5 CV, de forma a manter o oxigênio dissolvido da água entre 6,0 e 6,5 mg/L. O carbonato de sódio foi utilizado para elevar o pH da água, que foi mantido entre 6,8 ± 0,1. Os parâmetros de qualidade de água, temperatura e oxigênio, foram monitorados diariamente por meio de sonda multiparâmetro. Semanalmente, foram monitorados os valores de pH com pHmetro de bancada. A amônia total, nitrito e nitrato (0,001 ± 0,000 ppm) foram analisados por meio de kit comercial (Alfakit®, Florianópolis, SC, Brasil) e mantidos dentro dos níveis recomendados para tilápias por meio de renovação com água tratada para consumo humano, sendo o cloro neutralizado por meio de adição de solução de tiossulfato de sódio.

Os peixes foram alimentados manualmente, até consumo voluntário, em que não se observou mais consumo de ração após 15 min do início da alimentação. Os peixes receberam seis refeições, as 8:00, 9:30 11:00, 13:30, 15:00 e 17:00 h. No início e final do experimento, todos os peixes foram anestesiados com MS-222 na proporção de 150 mg/L de água e pesados em grupos. Aos 31 dias de idade, todos os peixes de cada caixa foram pesados em grupos.

O desempenho médio dos peixes foi determinado de acordo com as expressões: Ganho de peso (g) = peso final (g) – peso inicial (g); Ganho de peso (%) = 100 x [peso final (g) – peso inicial (g)]/peso inicial (g)]; Consumo absoluto (g)= consumo total deração (g); Consumo relativo (% peso vivo por dia) = 100 x [(consumo (g)/peso médio peixes (g)/dias de experimento]; Conversão alimentar = alimento consumido (g)/ ganho de peso (g); Sobrevivência (%) =número de peixes ao final do experimento/ número de peixes ao início do experimento x 100. Os dados foram apresentados com média ± desvio padrão da média de cada tratamento. A unidade experimental foi considerada como sendo cada aquário. Foi realizada a análise descritiva dos resultados.

 

 

Resultados

Como esperado, ocorreu elevado ganho de peso relativo e maior consumo relativo de ração em tilápias de 31 a 52 dias de idade (Experimento 1), em relação aos peixes do Experimento 2. No entanto, com base no fator de condição, peixes de ambos os experimentos apresentaram bom estado nutricional (Tabela 1).

 

Destacam-se os bons resultados de ganho de peso absoluto em conversão alimentar dos peixes obtidos na presente pesquisa, em peixes de ambos os experimentos. A média de conversão alimentar nos Experimentos 1 e 2 foi de 0,66 e 0,80 respectivamente (Figura 2).

 

Considerando a criação em água clara, com ausência de organismos-alimento, é possível afirmar que a conversão alimentar foi otimizada comumente obtida com o uso de ração fareladas, indicando elevada eficiência na utilização da energia e nutrientes das rações.

 

 

Conclusão

A presente pesquisa foi realizada em “água clara”, sem a presença visual de plâncton, sendo utilizado filtros físicos e limpeza diária dos aquários para minimizar a contribuição do plâncton como fonte de alimentos aos peixes. Assim, é possível deduzir que a utilização das rações micro extrusadas otimize a conversão alimentar, em comparação com o uso de rações fareladas para a tilápia vermelha da Flórida.

Otimizar a conversão alimentar por meio do uso de ração micro extrusada resulta em grande vantagem econômica, considerando a menor perda de nutrientes na água, em relação ao obtido com ração farelada.

Assim, há grande vantagem com a redução da poluição ambiental, que reduz a quantidade de nutrientes para estimular a eutrofização do ambiente aquático.

O domínio da tecnologia de produção de ração micro extrusada constitui em grande avanço para otimizar a produção de tilápias de acordo com modernos conceitos de Nutrição de Precisão. Mas o maior benefício é o menor impacto ambiental, que é prioritário para o futuro da aquicultura. Espera-se que em futuro breve as rações extrusadas sejam prática rotineira na produção de tilápias, fato que constituirá um grande marco na aquicultura brasileira.

 

Autores:  Wilson Massamitu Furuya1*, Valéria Rossetto Barriviera Furuya1, Alycia Renata Rudnik2, Allan Vinnicius Urbich3, Paola Aparecida Paulovski Panaczevicz3, Thais Pereira da Cruz3, João Antônio Galiotto Miranda1, Sérgio Malavazzi4 e Thais Gornati Gonçalves5
 
1Universidade Estadual de Ponta Grossa Departamento de Zootecnia - Ponta Grossa, PR
*wmfuruya@uepg.br
2Lar Cooperativa Industrial - Mediarneira, PR
3Programa de Pós-Gradução em Zootecnia Universidade Estadual de Maringá - Maringá, PR
4Alisul Alimentos S/A Gerente Aquicultura – Supra - Maringá, PR
5S3 Piscicultura - Registro, SP
 
 
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