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15 de Agosto de 2021 Aquaculture Brasil
Aquicultura e Pesca Sustentáveis no Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS): Atuais avanços socioprodutivos

O IABS nasceu em 2003, a partir de um grupo de pessoas diferentes entre si, mas com um objetivo comum: um novo modelo de desenvolvimento, mais justo e sustentável. Os primeiros projetos estiveram voltados para a área da Pesca – ou melhor, para as comunidades pesqueiras e os recursos naturais envolvidos. Entretanto, com a amplitude dos desafios e a maturidade que o Instituto adquiriu, a partir de 2006, começaram a atuar em outras áreas, com destaque para o Turismo, o Desenvolvimento Rural e o Fortalecimento Institucional. Naquela época, a parceria com a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e as relações estabelecidas com diferentes atores foram fundamentais para consolidar e ampliar essa atuação, o que contribuiu para o crescimento e aprendizado em diferentes áreas de cooperação para o desenvolvimento.

 

O IABS nasceu em 2003, a partir de um grupo de pessoas diferentes entre si, mas com um objetivo comum: um novo modelo de desenvolvimento, mais justo e sustentável.

 

Em 2015, o IABS já tinha executado ações em mais de 200 projetos com investimentos de diversos parceiros nacionais e internacionais. O trabalho se dividia em núcleos que refletiam suas principais vocações: Meio Ambiente e Áreas Protegidas; Turismo Sustentável; Aquicultura e Pesca Sustentáveis; Desenvolvimento Rural e Tecnologias Sociais; Diálogo Social e Gestão de Conflitos; e Cooperação e Fortalecimento Institucional, onde, futuramente, passou a virar programas dentro de perspectivas atuais: “Cidade Inclusiva”, “Desenvolvimento Rural Sustentável” e “Inserção Socioprodutiva”. Também fortalecendo parcerias estratégicas, nacionais e internacionais, que complementam e somam esforços em prol de objetivos e desafios ainda mais amplos. 

Hoje, uma das frentes trabalhadas pelo IABS é o Núcleo de Aquicultura e Pesca, cujos especialistas trabalham com objetivo de atingir os três principais pilares que regem a sustentabilidade: econômico, social e ambiental, fazendo com que coexistam e trabalhem entre si de forma plenamente harmoniosa.

 

 

Os Projetos de Aquicultura e Pesca

Ostras depuradas de Alagoas

Por meio do Projeto, as ostras são movimentadas de uma ponta a outra da cadeia produtiva, fortalecendo-a e gerando renda e trabalho aos(às) produtores(as) envolvidos(as). O cultivo reduz a pressão ambiental do extrativismo sobre os estoques naturais da espécie e promove a preservação do ambiente. Graças à salvaguarda dos estuários, o turismo de base comunitária vem ganhando cada vez mais espaço na renda das comunidades envolvidas. Atualmente, beneficia cerca de 100 famílias divididas em cinco comunidades no litoral de Alagoas. O modelo de gestão é participativo, com comitê gestor formado pelos(as) líderes das associações e entidades locais que participam das decisões do projeto. É importante destacar o protagonismo feminino observado na produção de ostras, tendo em vista que 65% dos(as) beneficiários(as) são mulheres, e todas as associações têm mulheres nos cargos de liderança e organização comunitárias.

 

Camarão do Sertão

O IABS, junto a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF), tem o objetivo de implementar os serviços de instalação, montagem e operacionalização de unidade de observação e demonstração (UOD) de cultivo do camarão branco do pacífico (Litopenaeus vannamei) em água doce, do rio São Francisco, e de poços salobros nos municípios de Petrolina, Cabrobó e Petrolândia - PE. Atualmente, o projeto encontra-se na fase Petrolina, onde já foram instalados dois berçários de 20 m³ cada; revestimento de geomembrana em dois tanques escavados, totalizando uma área de cultivo de 2.000 m²; sistema de aeração composto por sopradores de ar e mangueiras porosas; sistema de geração de energia elétrica; e um sistema de monitoramento remoto da temperatura e do oxigênio dissolvido na água do ambiente de cultivo do berçário.

 

 

Melhoria da Pesca do Pargo no Norte do Brasil

Projeto que visa obter a certificação MSC (Marine Stewardship Council) da pesca sustentável do Pargo no Norte do Brasil. Após ter sido submetida a uma pré-avaliação sob o standard da MSC em 2014, foi revelada inconformidade em 16 dos 28 indicadores. Para mitigá-los, surgiu o FIP, que conta com apoio do setor privado (importadores, armadores e cooperativas de pescadores), dos governos (local e nacional), da academia (Universidades) e do terceiro setor (Ongs e Oscips). O Projeto adotou a plataforma FisheryProgress.org para seguir o BMT (Benchmarking Tracking Tool), ou seja, a ferramenta de monitoramento e acompanhamento de Projeto proposto pela MSC.

 

 

Pesca de Valor

Em decorrência do derramamento de óleo que atingiu o litoral nordeste do Brasil no final de 2019, o consumo de frutos do mar caiu drasticamente diante da desconfiança e insegurança de seus consumidores acerca da contaminação que o óleo pode causar aos pescados, principalmente moluscos, visto que são seres filtradores. Diante desse cenário totalmente desfavorável à comunidade pesqueira de Itapissuma, Pernambuco, surgiu a proposta do Projeto Pesca de Valor, firmado com a parceria entre a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD DIPER) e o Instituto Brasileiro de Sustentabilidade (IABS). O objetivo é auxiliar a comunidade pesqueira local a ter acesso a mais conhecimento, alcançar novos níveis de qualidade em seus produtos, e desenvolver em conjunto um mecanismo de comprovação da ausência de contaminação por óleo nos pescados comercializados na região. Ao final, o projeto também prevê o aproveitamento de cascas de ostras e sururu como fonte de insumos em atividades diversas, implementando a economia circular na localidade.

 

Centro Pesqueiro do Jaraguá

O Projeto de Desenvolvimento Econômico Sustentável do Centro Pesqueiro do Jaraguá é desenvolvido pelo IABS por meio de uma cogestão com a Prefeitura Municipal de Maceió. A infraestrutura comporta atualmente 180 beneficiários(as) diretos e cerca de 250 indiretos, de diferentes segmentos da pesca artesanal, desde pescadores e marisqueiras a carpinteiros navais, mecânicos e comerciantes de pescado. Além de um importante equipamento para o desenvolvimento da pesca artesanal, possui enorme potencial turístico e busca se tornar referência na comercialização de pescado local e de valorização desta importante cultura histórica e tradicional que deu origem à cidade de Maceió. 

 

Produção de Base Comunitária do Massunim

O vôngole, (Anomalocardia brasiliana) ou Massunim, como é chamado no estado de Alagoas, é um bivalve amplamente explorado em toda costa brasileira. Na comunidade de Saquarema, localizada na Barra de São Miguel, Alagoas, a extração e beneficiamento do molusco é a única fonte de renda de aproximadamente 20 famílias. No entanto, o processo de produção da carne do Massunim e sua subsequente comercialização encontra uma série de desafios que vão desde as práticas de manipulação, cocção e embalagem, até a garantia de preços justos no acesso ao mercado e destinação das conchas. Sendo assim, a paisagem produtiva gera riquezas que vêm remunerando atravessadores mais do que pescadores. Com o objetivo de mudar esta realidade, o IABS, em parceria com a Prefeitura de Barra de São Miguel, desenvolveu um projeto que busca fortalecer a produção de base comunitária do molusco, onde contempla a estruturação de uma estação de beneficiamento que será operada pela comunidade.

 

Cultivo de Sururu

O sistema de cultivo contínuo usado no Chile, Nova Zelândia e outros países produtores de mexilhão, é uma realidade com o sururu (Mytella charruana) no Vergel do Lago, uma das comunidades economicamente mais vulneráveis de Maceió, capital de Alagoas. O sururu, um mitilídeo que faz parte dos pratos mais tradicionais da cozinha alagoana, é extraído há décadas do fundo da Laguna Mundaú. O cultivo desse molusco no sistema de long lines duplos com coletores artificiais se mostrou uma alternativa técnica e economicamente viável após os estudos e implantação de estruturas de cultivo piloto. Atualmente, o projeto passa por momento de expansão, onde mais famílias serão capacitadas e receberão as estruturas para que cultivem o molusco, possibilitando o escalonamento da produção e diminuindo riscos laborais da tradicional apneia necessária para retirar o molusco do substrato da laguna.

 

Conclusão

O IABS tem como propósito promover o desenvolvimento socioeconômico e sustentável, por meio de iniciativas com construção participativa, visando a diminuição das desigualdades e respeitando as identidades e os saberes locais. Para isso, é necessário um bom planejamento para que os projetos sejam capazes de proporcionar mudanças positivas, que gerem acima de tudo melhor qualidade de vida aos principais atores envolvidos, a comunidade.

 

Autores: André Macedo Brugger*, Lucas Gomes Mendes, Marco Dellian Zanetta, Luís Tadeu Assad e Filipi Andrade

Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) - Núcleo de Aquicultura e Pesca Sustentáveis -Brasília, DF

*ambrugger@iabs.org.br

 

 

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