O aumento da demanda por alimento de origem proteica vem exigindo das cadeias produtivas mais eficiência, produzindo maiores quantidades de produtos utilizando a mesma área produtiva. Em consequência, faz com que os sistemas de produção aquícolas se tornem cada vez mais intensivos. O cultivo de linhagens geneticamente superiores selecionadas para rápido crescimento se torna cada vez mais essencial, visto que, reduz o tempo de cultivo e contribui para suprir a demanda exigida pelo mercado.
Existe consenso entre pesquisadores, produtores e demais participantes da cadeia produtiva da piscicultura da necessidade de investimento em melhoramento genético dos planteis de reprodutores estocados no Brasil. Tais investimentos resultariam em ganhos cumulativos que efetivamente promoveriam consolidação da cadeia produtiva do pescado.
Contudo, a falta de conhecimento, as limitações quanto à capacidade de investir e as incertezas quanto a comercialização, entre outros fatores, atrapalham e criam resistência nos produtores quanto à importância de se investir na compra de animas geneticamente superiores. Muitas vezes por diferenças de centavos por alevino, o produtor deixa de adquirir animais de procedência genética comprovada e adquirem animais de genética duvidosa, caindo na ilusão que está “economizando”.
Esse fato está ligado a uma pergunta que muitos produtores fazem em seu cotidiano: “será que é viável investir em animais geneticamente superiores”? Neste contexto, objetivou-se mostrar de forma prática e com embasamento econômico, como é importante para o produtor e toda cadeia produtiva do pescado, o investimento em material genético de qualidade.
Discussão
Esses resultados permitem afirmar que, a seleção de animais para velocidade de crescimento, aliado a manejos adequados, promove ganhos econômicos, pois com manutenção da estrutura, mão de obra e ração não teriam alterações, dado que os animais ficaram o mesmo período alojados e apresentaram a mesma conversão alimentar.
Neste caso, em um lote de 1.000 animais teremos 186 kg/milheiro produzidos a mais (1.000 animais x 0,186 kg). Considerando o preço médio do kg a R$ 4,50, o produtor terá um acréscimo de R$ 837,00/milheiro (186 kg/milheiro produzidos a mais x R$ 4,50). Se por exemplo, considerarmos que o milheiro do alevino de genética inferior é R$ 100,00 mais barato, logo o produtor terá um ganho de R$ 737,00/milheiro proporcionado pelo cultivo de alevinos de genética superior. Ou podemos dizer que, o piscicultor que decidiu “economizar” R$ 100,00 e comprou alevinos de genética inferior deixou de ganhar R$ 737,00/milheiro.
Considerando esses resultados para uma piscicultura de médio porte com abate de 200 milheiros/ciclo, o produtor teria um ganho de R$ 147.400,00/ciclo (200 milheiros x R$ 737,00/milheiro) proporcionado pelo cultivo de indivíduos de genética superior. Entretanto, o produtor que decidiu “economizar” os R$ 100,00/milheiro deixou de ganhar R$ 147.400,00/ciclo.
Outro resultado interessante é se pegarmos os ganhos em peso dos animais de genética superior (5,54 g/dia) e dos de genética inferir (4,30 g/dia) e determinar um período de cultivo fixo. Por exemplo, o produtor preconizou 180 dias de cultivo (6 meses). Nessa situação os animais de genética superior terão peso à despesca de 997,20 g (5,54 g/dia x 180 dias) enquanto os de genética inferir terão peso a despesca de g (774 g/dia x 180 dias). Notamos uma superioridade de 223,2 g/animal (997,20g - 774g) dos indivíduos de genética superior em comparação aos de genética inferior.
Neste cenário o produtor que investiu em alevinos de genética superior teve um acréscimo 223,20 kg/milheiro despescado (0,2232 kg/animal x 1.000 animais), consequentemente, esse produtor teve um incremento na receita de R$ 1.004,40/milheiro (223,20 kg/milheiro x R$ 4,50 preço médio do mercado) e um lucro de R$ 904,40 (1.004,40/milheiro - R$ 100,00 pago a mais pelos alevinos de genética superior) quando comparado aquele produtor que decidiu “economizar” comprando alevino de genética inferior.
Observamos que economizar no alevino, principalmente se esse for de procedência genética duvidosa, não é uma boa ideia. Pois, os gastos com o cultivo em destaque a alimentação será o mesmo e esse é o mais oneroso e o principal do setor piscícola, variando de 68 a 82% do custo operacional efetivo (Muñoz et al., 2016).
Conclusão
Como resposta a indagação que muitos produtores fazem “É viável investir em animais de genética superior?”. Os dados desse trabalho respondem facilmente essa questão. Para aqueles que ainda estão em dúvida sobre a importância e os ganhos econômicos que o investimento em genética de qualidade proporciona, fica o conselho: adquiram alevinos de procedência genética e façam o teste em suas propriedades.
Vale ressaltar que, é recomendado que busquem orientações de um técnico qualificado, para que possa delinear seu teste corretamente, controlando os efeitos ambientais que podem influenciar nos seus resultados. Para ter validade, o ambiente de cultivo tem que ser igual para ambos os grupos testados (qualidade de água, temperatura, manejos, arraçoamento etc.), desse modo, evita que algum dos grupos avaliados tenha o desempenho favorecido ou desfavorecido devido a alterações no ambiente.
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